quarta-feira, 28 de maio de 2008


Sobre o terminar..

Isso não sai da minha cabeça, e pela primeira vez não é motivado por qualquer impulso relacionado a estresse ou paixões platônicas que invento.

Sete anos e pouco. Terminar.. pois não existe mais brilho, não existem mais beijos, o sexo é meramente para suprir necessidades, não existe mais paixão – paixão move o mundo. Terminar.. porque o que restou foi o companheirismo, a amizade e a compreensão de quase uma década. Nos olhares sabemos o que um está pensando sobre a situação, mas ninguém consegue falar. No fundo me pergunto se isso acontece com todo mundo depois de um tempo, mas não conheço absolutamente ninguém, com a realidade como a nossa.

Antes nos víamos com mais freqüência, dificilmente demorava mais de 2 dias. Hoje leva mais de uma semana e nos encontramos para eventos sociais e para aquela questão das necessidades. Desenvolvemos um outro lado nosso, quando juntos as conversas são brandas, sobre dia a dia, quando estamos com amigos falamos coisas que um se surpreende com o outro.

Sinto que já está na hora de desvincular. Ele está com nova vida, faculdade, logo, logo começa a trabalhar, enfim está começando a despertar para o mundo adulto e eu? Rs daqui a 3 anos estou com 30, já não tenho gás para esperar, por comodismo, costume, quero paixão, quero loucura, vida.

Eu realmente o amo muito, queria terminar e continuar como sua melhor amiga, mas ele não é evoluído o bastante, não entenderia. Acho que amamos alguém quando conseguimos entender o que é liberdade, deixar livre. Sem drama, sem teatro, sem forçar, sem insistir, sem sofrer..

Fico a me perguntar quando eu deixei de estar presente durante todos esses anos e lembro que começou quando passei a desacreditar quando vi que meu amor era desacreditado, quando fui tratada como objeto, por vaidade dele, enquanto ele estava com outra. Ali sofri como nunca tinha sofrido na vida, mas o amava e ele foi livre em todas as suas escolhas de idas e voltas. Mas ali, entendi que tinha que ser fiel aos meus sentimentos, e fui, e por isso deixei de estar presente com toda a minha alma pelo menos nos últimos 2, 3 anos. Não sei, não sei, eu estou prestes a explodir porque hoje meus amigos são os amigos dele, e nas raras vezes que encontro meus amigos não consigo conversar. Conversar com outras pessoas fico parecendo coitada, naqueles papos de malandro que diz que não está dando certo com a esposa só pra comer a vizinha – a ouvinte e o ombro amigo rs.

Mas realmente não agüento, e sinto meu peito apertado por isso.. terminar se faz necessário, mas eu não sei como fazer. Sete anos não são sete meses.

terça-feira, 27 de maio de 2008

INVENTÁRIO DO IR-REMEDIÁVEL


"- Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não em você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por quê?"


"- Seria isso, então? Você só consegue dar quando não é solicitado, e quando pedem algo você foge em desespero. Como se tivesse medo de ficar mais pobre, medo de que se alcance seu centro e nesse centro exista alguma coisa que você não quer mostrar nem dar ou dividir. Contido, dissimulado, você esconde essa coisa, será assim?"


[Diálogo, INVENTÁRIO DO IR-REMEDIÁVEL, Caio Fernando]

terça-feira, 20 de maio de 2008

Esteja em paz..


Ela se foi.. o corpo cansado não quis mais responder, ela não agüentava mais, achou melhor ir, desistir dessa vida.

Apenas 2 transbordavam sofrimento, mas era possível sentir que era mais pelo medo da solidão e pela palavra ou pelo abraço que deixou de acontecer do que por sua partida.

Mas seus pequenos Lusos estavam reunidos pela primeira vez, todos. Durante a madrugada o que deveria ser um velório repleto de choro e lamentações mais parecia um show de piadas portuguesa – e piadas reais, as risadas ecoavam livres, como ela teria o enorme prazer em ouvir e exatamente por isso a dor não foi maior, porque seria de um egoísmo extremo de nossa parte exigir dela mais tempo, se ela não queria mais aquele tempo, limitada a uma série de coisas, vivendo uma vida que não era mais dela. As risadas de certa forma acalmaram aqueles outros dois, porque ali diante de seus olhos estavam 2 gerações que ela deixou.

Ainda assim, ao perder alguém amado sinto que uma parte de mim também foi sepultada, o falso “nunca mais” e aquela imagem de um corpo sem vida são fortes. Mas aprendi a respeitar as limitações alheias – especialmente dos que eu amo, e meu egoísmo de ter perto, de apenas quando dava ir dá um abraço não é maior que esse respeito.

Descanse em paz minha vozinha amada, obrigada por tudo.

domingo, 11 de maio de 2008

É incrível..


Enfim, primeiras palavras atuais..


Incrível coma a energia que envolve pensamentos e sentimentos pode ser forte o bastane para mudar, o que não deve ser mudado ou talvez não devesse ser mudado.

Incrível como meias palavras tem o poder de mover e reviver um milhão de sentimentos e conclusões devidamente esclarecidos e entendidos. Palavras são só palavras sim, mas algumas pessoas não conseguem falar o que não sentem, não simulam, é verdadeiro o que dizem ou como se expressam.

Incrível como é se sentir TÃO, tão bem, estando bem, mas esse TÃO é especial porque ele não acontece todos os dias.

Incrível essa ressaca e esse cheiro de cigarro.

Incrível esse sono absurdo.

Eu não quero mais pensar no assunto, porque assim vem de volta todo um peso que não dá para carregar e isso é fato, é incrível, só quero sentir, só sentir. Porque eu já tinha esquecido como é gostoso sentir. Eu quero o agora, não quero saber de mais nada.



"Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara. Não tínhamos dor, mas aquela coisa daquela hora que a gente estava sentindo, e eu nem sei se era alegria, também não usava máscara. Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara".
Caio Fernando

Constelações no Vidro

Eram 3hs da madrugada, 27.05.07, o batom já não era tão vermelho e os cabelos nem estavam tão arrumados.Estava confortavelmente sentada no banco da frente, o carro - um jeep escuro, o motorista - um conhecido, desconhecido.. risadas ecoavam vindo do banco de trás - seriam amigos? de quem?

O som - um rock antigo e pesado, mas eu só podia ouvir uma música antiga de Maysa Matarazzo, iniciava uma chuva fina, via pontinhos se aglomerando lentamente no pára brisa, gotas prateadas, formavam estrelas, formavam um céu só meu.

Eu vi constelações, as minhas, eu vi lembranças e saudades e pessoas que existem e não existem e até aquelas que nem deveriam existir. Num raro momento vi meus eus de fora, estavam ali expostos, meio que pedindo socorro, meio que rindo.. efeito de drogas e bebidas talvez, mas muito esclarecedor.


"Sempre virá. Odeio quando te enganas assim, girando entre as panelas.A vida é agora, aprende.

O pó se acumula todos os dias sobre as emoções.Estende a tua pata para o Outro, delicadamente.

Cata os piolhos do Outro. Deixa que catem os teus.Esmaga entre os dentes, engole. Fala-me do gosto.O gosto é bom, eu te dizia.

E não impede a asa, a seta disparada em direção a Hydrus, Eridanus..Mas primeiro prova da terra..Depois Voa...Não aprendeste com Ícaro? " Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Relógio sem Pilhas

Perdi a hora, mais uma vez, como sempre, relógios são melancólicos se arrastam por uma superfície lisa, milhares de coisas acontecem em segundos, fatos que transformam vidas, um segundo para frente é futuro, para trás passado,e agora presente.. opa, já foi passado e o que eu fiz.. o que fiz de novo.. ou deixei de fazer. relógios nunca me atraíram..

Mas perdi a hora, não vi que a hora de ir embora tinha passado, de novo aquele nó no peito, de novo a falta de ar, outra vez o dia amanhecendo iluminando a foto esquecida na estante, iluminando registro do que foi eterno enquando durou.. mágico, sempre mágico, mas foi preciso ir..

A vantagem de ter uma vida intensa é a magia dos momentos, raros e únicos, felizes. Se fazem eternos por si, apagam mágoas, apagam a raiva, apagam tudo que deixa lembranças foscas...me deixa aqui.. com meu relógio sem pilhas, preso entre os segundos, sofrendo por não sair do lugar.. mas eu sou assim, não sei lidar com tempo, com sentimentos, não sei lidar com pessoas que precisam de mim.. sei lidar com pessoas egoístas como eu..ou iludidas com uma falsa liberdade que juram ter.

Escrito em meio ao caos interno, em 11.08.07