Ai… é o único som que consigo emitir hoje. Tudo dói. Dói até abrir os olhos, mas eles precisam permanecer bem abertos. Dói falar, dói qualquer movimento do corpo, mesmo quando estou só me acomodando na cadeira de couro preto. Dói olhar para esta mesa de trabalho neste sábado de manhã, e ler na agenda o listão de coisas que preparei ontem para fazer hoje, sendo que hoje dói simplesmente segurar uma caneta.
Dói pra caralho lembrar daquele corno do Maslow e de sua Teoria da Motivação e a Pirâmide coloridinha, onde a base fala sobre necessidades fisiológicas, que acredito que vale não só pra vida executiva. Sem as necessidades básicas atendidas não conseguidos fazer nada. E a minha necessidade neste momento é dormir em paz.. dói pensar na minha cama.
Cada piscada de olhos – vagarosamente, claro. Lembro do bar, do blues, do gordinho tocando aquela gaita irlandesa (dói entrar no pai google para pesquisar o nome, dói até tentar lembrar o nome), lembro de todas as coisas esquisitas e antigas que tinham lá. Do ursinho marrom, da luminária de bronze imoral, da máquina de costura preta, semelhante a uma que vovó tinha quando eu era pequena... só não lembro da quantidade de álcool ingerida, nem dos tecos. Foi o bar mais esquisito que entrei na vida, algum pedaço meu ficou lá pelo meio de tantas quinquilharias e coisas antigas.
Ressaca é algo que dói.
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